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A importância da sensibilidade para a reforma íntima



A sensibilidade é um assunto um tanto intrigante e interessante, principalmente, quando a relacionamos a estudos espiritualistas. Por que isso?

Inicialmente, porque essa característica, inerente aos seres vivos, está associada ao verbo “sentir” e isso nos leva a mergulhar no mundo de sentidos, percepções e sensações, tanto físicos como morais. Sentir é ter consciência do próprio estado. E é aí que o assunto fica ainda mais interessante se pensarmos que a sensibilidade nos permite acessar e experimentar nossa própria consciência.

Sensibilidade: 1. Fisiologia: capacidade de um organismo vivo de experimentar impressões de ordem física. 2. Psicologia: faculdade de experimentar impressões morais.

Adaptado de dicionários de língua portuguesa

E é aí que esse tema se torna tão cativante entre filósofos e espiritualistas. Ao compreender que “sentir algo” revela um conhecimento físico e moral sobre si mesmo e também ao que está ao torno de si, é como se milhares de portas se abrissem para liberar reflexões e estudos sobre a natureza da consciência e o limite ou extensão da sensibilidade. Isso atiça nossa curiosidade em investigar cada vez mais questões que intrigam o homem desde a Antiguidade, com Platão e Aristóteles: quem somos nós? O nada existe? O infinito é o Universo? Estamos sozinhos? Há mundos como o nosso pelo espaço? Existe vida após a morte?

É nítido afirmar que com o passar dos séculos, o homem foi conquistando graus mais elevados de entendimento sobre àquelas questões e isso significa que houve um aprimoramento espiritual da Humanidade. De tempos em tempos, com a vinda de Mensageiros Astrais a nosso planeta, o homem foi se depurando e se libertando da ignorância e imaturidade espiritual ao incorporar os valores espirituais ensinados. O homem amadurece física e moralmente e com ele também sua forma de sentir e perceber, ou seja, sua sensibilidade e consciência.

Como reforça Edgard Armond, no livro “Mediunidade: seus aspectos, desenvolvimento e utilização” (1999):

À medida que vai adquirindo virtudes no campo do sentimento, vai também o espírito, através das vidas sucessivas, aumentando seu cabedal de conhecimentos sobre a vida, a criação, as forças e as leis que as regem. [...]

Quanto maior o grau, o índice dessa sensibilidade, tanto maior a intuição e, consequentemente, tanto maior o campo que o indivíduo abrange na percepção dos fenômenos e dos aspectos da vida cósmica.”

E Ramatís, em “Jornada de Luz” (2003), completa: “Na seara da evolução só se obtém algo se a atuação do homem for consciente”.

Podemos relacionar essas duas citações dizendo que a sensibilidade não está ligada somente ao ato de sentir, mas também ao de pensar, compreender e raciocinar, uma vez que “ao adquirir virtudes no campo do sentimento, aumento meu cabedal de conhecimentos”. Parece haver um “leve dois e pague um” ao nos referirmos sobre sensibilidade, pois ela não deixa de ter em si mesma a união entre coração e mente, razão e sentimento. É como se não houvesse uma dualidade entre o famoso “razão x coração”, porque a sensibilidade seria esses dois em um. Em outras palavras, aprenderei verdadeiramente algo quando alinhar meu sentimento e minha razão em determinada lição, fechando, assim, um “ciclo” e dando um passo adiante em minha caminhada espiritual. Como? Atentando-se e cuidando da minha sensibilidade. E o que isso tem a ver com a citação de Ramatís? Reconhece-se aquele que realmente aprendeu algo quando seus atos revelam a consciência da lição aprendida. Resultado: ao agir de acordo com essa nova consciência, você acessou um novo grau, entrou em uma nova dimensão moral, sentimental, mental e espiritual. E assim segue...

Então, lançamos a pergunta: você está cuidando da sua sensibilidade? Chamamos a atenção para nossa mente como sendo um chaveiro que guarda muitas chaves do consciente, inconsciente e subconsciente. É por meio dela que reconhecemos nossa personalidade; revelamos nossos pensamentos, emoções, sentimentos, sensações; resgatamos memórias e lembranças; ativamos nossos desejos e acessamos sombras ancestrais que nos acompanham por vidas interruptas. Tudo isso fica guardado nela. Quem assistiu ao filme “Divertidamente” poderá fazer boas reflexões sobre a influência da mente no nosso mundo pessoal.

Lembrando que o ato de sentir mostra o estado da nossa consciência, o que nossa mente está verdadeiramente refletindo sobre o que somos? Nossa sensibilidade está alinhada a lição que precisamos aprender? Ou será que já encerramos um ciclo e estamos agindo de forma mais consciente? Para saber essas respostas, será necessário reservar momentos de reflexão a fim de dizermos para nós mesmos o que estamos fazendo com a oportunidade de autoconhecimento e transformação.

Parar e olhar dentro de si é importante e requer coragem. Projetar holofotes no orgulho e na vaidade é iluminá-los a ponto de cegá-los com a luz da verdade e do amor. Aceitar nossa mente é desbravar a própria libertação e ser a paz. Nos conhecer é o caminho para a felicidade.

Quem nos ensina a entender e aprender a destravar as chaves da mente é, entre eles, o sábio Siddharta Gautama, o Buda. Vejamos algumas frases que nos ajudarão a refletir sobre a responsabilidade de cuidar da nossa “sensibilidade mental”.

“Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com os nossos pensamentos. Com os nossos pensamentos fazemos nosso mundo”.

“O ódio nunca desaparece, enquanto pensamentos de mágoas forem alimentados na mente.”

“O homem semeia um pensamento e colhe uma ação. Semeia um ato e colhe um hábito.”

“Você vive a maior parte da sua vida dentro da sua cabeça. Tenha certeza de fazê-la um bom lugar para estar.”

“A mente é tudo. O que você pensa, você se torna. Somos moldados por nossos pensamentos; nós nos tornamos aquilo que pensamos. Quando a mente é pura, a alegria segue como uma sombra que nunca vai embora. Não habite no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente.”

Disponível em pesquisa Google Images. Acesso em: 28 set. 2018

Com base nessas citações, o verdadeiro mundo que habitamos é aquele que temos em nossa mente, independentemente do veículo carnal. Dar voz a ela, é mais uma vez, um ato de amor, uma aliança fraterna que fazemos com a nossa reforma íntima e, acima de tudo, é valorizar a atual existência no plano terrestre, perseverando no trabalho de sublimação da nossa ignorância espiritual. Afinal, uma vez libertos da matéria, o que levamos para a Espiritualidade são nossas obras e nossa consciência regenerada.

Não muito diferente desse raciocínio, Emmanuel complementa os ensinamentos de Buda e nos esclarece, no capítulo 1, do livro “Nos Domínios da Mediunidade” (1995, p.15-20):

Podemos arrojar de nós a energia atuante do próprio pensamento, estabelecendo, em torno de nossa individualidade, o ambiente psíquico que nos é particular.

Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá.

Os reflexos mentais, segundo a sua natureza, favorecem-nos a estagnação ou nos impulsionam a jornada para a frente, porque cada criatura humana vive no céu ou no inferno que edificou para si mesma, nas reentrâncias do coração e da consciência, independentemente do corpo físico.

Estudando, junto com o Instrutor Espiritual, resgatamos o conceito de que pensamento é energia sintonizada em frequência e vibração específicas e isso cria um campo magnético que atrai ou repele algo, caracterizando nossa individualidade “energética-espiritual”. Ao pensar, falar e agir damos para o externo nossa força psíquica, nosso grau de sensibilidade, e portanto, nossa consciência.

Se investigarmos um pouco mais a última citação, podemos interpretar que os pensamentos que vivem e proliferam diariamente dentro da nossa mente podem nos empurrar para frente e para cima, ou nos convidar a sentar e permanecer na “zona” (caos) de um falso conforto. Isso só reforça a importância de nos vigiar, controlar e doutrinar o que acontece na área de convivência turbulenta e impulsiva que é a nossa mente. Como Buda nos orientou: já que vivemos a maior parte da nossa vida (encarnados e também na condição futura de desencarnados!) em nossa mente, vamos torná-la um lugar amoroso e alegre, ou seja, o céu, na citação de Emmanuel.

Ambos ainda destacam o fato de que existe uma relação entre sensibilidade e consciência, pois cuidando de uma (sensibilidade), ou seja, da razão e do coração, edificamos a outra (consciência). Ao estudarmos nossos reflexos mentais, vamos acalmando nossos sentimentos e dando a eles a atenção e o espaço necessário para que se depurem pelo nosso esforço no estudo educativo, no trabalho constante, na perseverança e na esperança. Assim, nosso coração e mente, vivos e em estado de presença, adquire uma consciência mais expandida na escola evolutiva da Espiritualidade.

Para finalizar nossa reflexão, este trecho de Emmanuel a seguir, extraído da mensagem “Prática Mediúnica”, reafirma o comprometimento que precisamos ter na tarefa do autoconhecimento, agora, sem mais vacilações, inseguranças ou dúvidas, doando o máximo de nós mesmos para a vitória de nossas limitações e sofrimentos. Ele, então, diz: “Quem deseja crescer para a Espiritualidade Superior não pode menosprezar o alfabeto, o livro, o ensinamento e a meditação.”

E, mais uma vez, a união de religiões e filosofias vencem qualquer preconceito ou rótulos do ego, e podemos aproveitar todos os ensinamentos de Emmanuel e de Buda para vencer as barreiras da imaturidade espiritual. Pela palavra “meditação” podemos entendê-la no sentido de “ponderação”, “reflexão” e “análise”, mas também da prática da meditação ensinada por Buda e, em ambos os ensinamentos, podemos atingir o objetivo final da intenção desses Mestres, que é fazer-nos observar nossos pensamentos e purificá-los pela luz da presença e da verdade, libertando-nos do sofrimento e nos unindo definitivamente com Deus.

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