Consciência Negra e Racismo
Rafaela Paes
Dia 20 de novembro é feriado… e você sabe o que comemora-se neste dia? É celebrado em território nacional, o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.
Temos este feriado desde 2003, que foi oficialmente instituído em âmbito nacional em 2011, mediante lei. Atualmente é feriado em cerca de mil cidades brasileiras e nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro, por meio de decretos estaduais. Nos estados onde a lei não foi aderida, a decisão ficou a cargo dos municípios.
Mas afinal, o que é consciência negra? E porque precisamos deste dia para celebrar? Neste dia, todo cidadão brasileiro deve dedicar-se a reflexões sobre a inclusão dos negros na sociedade. E o dia 20 de novembro foi escolhido como tributo ao desencarne de Zumbi dos Palmares, ocorrido em 1695.
Zumbi nasceu em Pernambuco e foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior de todos os quilombos do período Brasil colônia. Zumbi dedicou-se à liderança dos negros oprimidos aos portugueses e serviu de exemplo, sendo lembrado até os dias atuais.
A Consciência Negra serve para refletirmos, sermos empáticos e nos "colocarmos" na pele dos negros para que possamos "sentir" todas as descriminações que eles sofrem ainda no século 21.
Este tema tem ganhado destaque em diversos setores da sociedade, inclusive na arte, sendo representado na TV, peças de teatro e longas-metragens.
O Racismo é cultural e o Brasil trata isso de forma estrutural assassinando anualmente milhares de negros que são mortos apenas por serem negros. Além disso, podemos observar outros pontos em que o negro é rebaixado: nos apelidos, nas empresas (cargos e salários), nas ruas e até nas lideranças.
O Brasil só vai reverter o quadro de racismo quando famílias investirem em educação e os governos investirem em escolarização. Ou seja, precisamos de educação de berço e educação do Estado. O Brasil será livre do racismo quando não precisar mais segregar raças através de cotas. Por fim, estima-se que 70% da população miserável no Brasil seja parda ou negra.
"O Livro dos Espíritos" trata deste tema de forma clara. A questão 52 questiona: De onde vêm as diferenças físicas e morais que distinguem as variedades de raças humanas na Terra? Como resposta, temos: Do clima da vida e dos hábitos. Dá-se o mesmo que se dá com duas crianças da mesma mãe, que educadas uma longe da outra e de maneira diferente, não se assemelhassem em nada quanto à moral.
Sobre a mesma lógica, a questão 53 continua: O homem apareceu em muitos pontos do globo? E os Espíritos respondem: Sim e em diversas épocas, e é essa uma das causas da diversidade das raças- depois, o homem se dispersou pelos diferentes climas, e aliando-se os de uma raça aos de outras, formaram-se novos tipos.
Finalizando qualquer dúvida, a questão 53(a) pergunta e esclarece: Essas diferenças representam espécies distintas? A resposta é clara e objetiva: Certamente não, pois todos pertencem à mesma família. As variedades do mesmo fruto acaso não pertencem à mesma espécie?
Ou seja, em pleno século 19, Allan Kardec com auxílio dos Espíritos Superiores deixa claro que não há nenhuma distinção entre os povos perante a Deus.
Divaldo Pereira Franco em palestra na Argentina, diz a respeito do surgimento do Homem na Terra, afirmando: "Quer tenham sido criados naquele momento; quer tenham procedido, completamente formados, do espaço, de outros mundos, ou da própria Terra, a presença deles neste planeta, a partir de certa época, é um fato. (...) Revestiram-se de corpos adequados às suas necessidades especiais, às suas aptidões, e que, fisiologicamente, tinham as características da animalidade. Sob a influência deles e por meio do exercício de suas faculdades, esses corpos se modificaram e aperfeiçoaram: é o que a observação comprova. Deixemos, pois, de lado a questão da origem, por enquanto insolúvel (...)”.
Cor de pele é apenas uma questão de melanina e não de caráter. Ser branco ou ser negro não diz quem você é. Não podemos aceitar essa discriminação racial.
Devemos abolir qualquer conotação racista. O racismo deixa marcas no negro e na sociedade. Se cada um assumir o compromisso e passar a olhar para o interior do ser humano e não a pele que ele veste nesta encarnação, deixaremos um mundo melhor para quem está por vir. Aproveite o feriado para refletir e responda: Como justificar racismo se a raiz do meu país é multirracial?