O Bem e o Mal: Uma reflexão profunda sobre nossas escolhas
Rafaela Paes de Campos
Nenhum de nós pode dizer que se confunde com a noção entre o bem e o mal ou entre o certo e o errado. Nós sabemos direitinho! Se há algo nesta etapa evolutiva em que nos encontramos que se desenvolveu, é a inteligência.
Há muito déficit ainda no que tange a nossa moralidade, mas ainda que tenhamos muito a desenvolver, as Leis de Deus são intuitivamente inatas aos seres humanos, eis que estamos bastante distantes da ignorância e simplicidade que nos viu nascer.
Assim, questiona-se em O Livro dos Espíritos:
629. Que definição se pode dar da moral?
“A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus” (KARDEC, 2022, p. 243-244).
Agir com moralidade é fazer o bem, o que já é, por si só, a obediência às Leis do Criador. E assim sendo, temos:
630. Como se pode distinguir o bem do mal?
“O bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a Lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la” (KARDEC, 2022, p. 244).
631. Tem meios o homem de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal?
“Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu a inteligência para distinguir um do outro” (KARDEC, 2022, p. 244).
Portanto, não temos escusas a apresentar pelo mal que ainda fazemos a nós, aos outros ou à Natureza. Deus é perfeito e sua Criação é perfeita. Ele não nos cobraria algo que ainda não tivéssemos a dar e, dando-nos a inteligência para distinguir bem e mal, temos totais condições de agir em consonância com o certo e o errado.
Logo, fazer o bem ou fazer o mal é uma escolha, mais uma vertente do exercício do livre-arbítrio, companheiro inseparável de nossas ações. Não há mitigações entre o certo e o errado. O bem é sempre o bem, o mal é sempre o mal.
636. São absolutos, para todos os homens, o bem e o mal?
“A Lei de Deus é a mesma para todos, porém o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal é sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só quanto ao grau da responsabilidade” (KARDEC, 2022, p. 245).
Ainda que ousássemos alegar desconhecimento à Lei de Deus, um exercício muito simples nos daria a sua noção. Vamos lá!
Nós sabemos em quais casos a lei terrena irá nos punir. Os principais bem jurídicos tutelados pelo Direito são a vida, o corpo, a liberdade de expressão e pensamento, bem como a honra, a imagem e o patrimônio. Tendo isso em vista, pergunta-se: Quais são os 10 mandamentos?
1. Amar a Deus sobre todas as coisas – liberdade de pensamento (crença).
2. Não tomar Seu santo Nome em vão – liberdade de pensamento (crença).
3. Guardar os domingos e os dias Santos – liberdade de pensamento (crença).
Nesses três casos, tem-se o direito e assim ou não, do ponto de vista religioso, mas juridicamente, é dever de todos respeitar a crença do próximo, seja ela qual for, até a não crença.
4. Honrar pai e mãe - o Direito nos impele a acolher nossos pais e mães quando em sua velhice e necessidade.
5. Não matar – direito à vida.
6. Não pecar contra a castidade – direito ao próprio corpo.
7. Não furtar - proteção ao patrimônio.
8. Não levantar falso testemunho – direito à honra.
9. Não desejar a mulher do próximo – direito ao próprio corpo.
10. Não cobiçar as coisas alheias – proteção ao patrimônio.
Cumpriu a lei material? Está a um passo de estar em consonância com as Leis de Deus. Entretanto, Deus nos pede ainda mais, coisas que o direito não consegue exigir do ser humano. Deus nos pede amor, perdão, caridade, benevolência, compreensão, paciência, resignação, empatia, entre outras ações e outros sentimentos muito próprios daquele que é verdadeiramente bom.
A verdade é que cumprimos a lei humana, porque não queremos ser penalizados. Acabamos cumprindo uma parcela da Lei de Deus, assim, mas não por sermos verdadeiramente bons, e sim, por medo. Os passos seguintes, mas abstratos das Leis de Deus, ainda estamos distantes de conseguir. Observe: distantes de alcançar, não de saber e, por isso, conhecedores que somos, não o fazemos por escolha.
Desnecessárias grandes exemplificações de situações em que agimos com o mal, pois, “o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as Leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus” (KARDEC, 2023, p. 213).
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Referência:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2022.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2023.
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