Pensamentos Rarefeitos
Da pré-história - há milhões de anos - até os dias atuais, a humanidade atinge admiráveis níveis de desenvolvimento, nas mais diversas áreas – artes, ciência, tecnologia e tantas mais, que são a própria mola propulsora para o próximo salto. Esse progresso só é possível pela própria ascensão da ancestralidade do homem, a constatar-se remontando ao homem paleolítico, dirigindo o olhar ao homem moderno e atinar à real possibilidade de até vislumbrar o destino...
As realizações de cada período são ecos dos pensamentos das eras precedentes, impulsionadas, influenciadas pelos novos ares que surgem na transição de um momento da história para outro, assim compondo o cenário da época a ser marcada.
Os aspectos dos ecos que ressoam têm o teor da claridade, como também do sombrio, vale ressaltar. Lembremos movimentos como “O Renascimento” e “O Iluminismo” com seus deslumbramentos, efervescência, luzes e encanto de seus personagens, mas também a era da “Inquisição” e as guerras do mundo, que num grau absurdo de irracionalidade perseguiam e puniam os que pensavam diferente dos que se consideravam em posse da verdade. Queremos dizer que o pensamento move o mundo... o mundo da matéria.
Ermance Dufaux, no livro “Reforma Íntima sem Martírio” sintetizou, fidedignamente, o panorama histórico antigo e contemporâneo da humanidade através do pensamento: “O pensamento é força energética com cargas vigorosas, e o sentimento lhe dá qualidade e vida tornando o psiquismo humano o piso de formação dos ambientes em todo lugar”.
Dentro desse contexto de que o sentimento dá qualidade e vida ao pensamento, a Ciência Espírita esclarece que tal acontecimento ocorre por meio de um fluido – o fluido cósmico universal, elemento primitivo contido em tudo e veículo do pensamento. Enquanto veículo, carrega, sob o aspecto moral, segundo Allan Kardec em “A Gênese”, a marca dos sentimentos do ódio, da inveja, do ciúme, do orgulho, do egoísmo, da violência, da hipocrisia, da bondade, da benevolência, do amor, da caridade, da doçura, etc.
No mês de dezembro, no calendário do brasileiro, comemora-se o dia da família. A família é o templo primeiro que o Pai concedeu à criatura humana com o ensejo de relacionar-se, no intento de serem resgatados e alcançados objetivos para a subida espiritual. Dali é que saíram as grandes mentes que contribuíram grandemente para o progresso material e a iluminação de consciências na verticalização do Espírito. Mas, a lógica faz-nos afirmar que o contrário também é verdadeiro.
Dessa forma, convidamos o amigo leitor a refletir, na acepção mais profunda da palavra, sobre como andam os seus pensamentos e sentimentos no templo sagrado, que o Senhor de toda a Onisciência nos outorgou. Pois, sabe-se que, exceção aos lares exemplares, que entenderam a mensagem do Cristo e buscam, com retidão, a cada dia, fazer do próprio lar, aquilo que esperam em que o mundo se transforme, todavia, na contramão dos edificantes ensinamentos, milhares de famílias vivem ‘reunidas’ em um mesmo edifício, cumprindo suas agendas: “a hora da refeição é sagrada”, passeios e mesmo o dia e a hora para a oração (onde tudo é louvável, entenda-se), mas em total desencontro, sem afinidade de propósitos, deixando que a hostilidade impere, acredite. Gerando assim uma psicosfera no ambiente doméstico de frieza, antipatia e animosidade. Não bastasse a ‘guerra fria’, há casos, não raros, que enveredam para a violência de gêneros vários. Duas situações que se sustentadas, a primeira, silenciosa, sem o escoadouro apropriado (terapia, evangelização, prática da caridade, por exemplo), redunda em transtornos outros também de ordem psíquica, descambando para o fisiológico. A segunda, se constituindo em indignidade do ser humano. Obviamente que a busca do reparo para a conjunção de débitos dos que se encontram no mesmo clã é necessidade urgente para ambos os casos.
Divaldo Franco, com sutileza, nos alerta que o reino de Deus não vem com aparências exteriores, mas surge como um hálito de vida em embrião, que se agigantará, tornando-se a razão única da existência e do ato de pensar.
E nessa mesma sintonia fina em que queremos alcançar tal postulado que o apreciável orador espírita concita, deixamos nossa singela contribuição, em breve poesia de Eros com psicografia também de Divaldo, na obra “A Busca da Perfeição”, para que logres, nas entrelinhas, a potência dos mais elevados sentimentos.
“A noite vitoriosa e dominadora desafiava o Sol oculto: - Que é e que podes fazer, pobre Estrela que eu cubro com as minhas sombras? Onde te escondes, ilusão dos parvos? Evitando a contenda inútil, o Astro-rei, lentamente, surgiu no amanhecer e devorou a treva com beijos de luz, avançando com o seu carro de fogo pelo zimbório transparente.”
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