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PROBLEMAS SÉRIOS NA GESTAÇÃO


Silvio Cardoso


Nós espíritas, cremos que somos espíritos neste espaço tempo ainda imperfeitos, tendo desta forma a necessidade de reencarnar no plano físico, onde por meio do corpo que possuímos, transitamos durante o tempo preciso de modo a experimentar situações que sirvam naturalmente como meio de lapidar nossas qualidades morais e intelectuais a caminho da perfeição, ponto referencialmente existente somente em Deus, mas que serve de horizonte a ser buscado onde a reencarnação não mais se mostra necessária.


A porta de entrada para o mundo material, a qual todo espírito precisa “passar” é o augusto ventre materno, onde, segundo a resposta na questão número 344 de O Livro dos Espíritos:


“A união começa na concepção, mas estará completa apenas no momento do nascimento. No momento da concepção, o espírito designado a habitar o corpo liga-se a ele por um laço fluídico que vai se encurtando, mais e mais, até o instante em que a criança vem à luz. O grito que escapa de seus lábios anuncia que entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus”. (1)


O período da gravidez se mostra como uma fase muito solene e delicada, onde a mãe sofre transformações e adaptações em seu organismo de forma a estar apta ao processo complexo de gerar uma vida. Nestes meses é importante muita atenção para evitar problemas na gestação.


“Todo Cuidado é pouco. O corpo e o sistema imunológico feminino sofrem alterações que facilitam a proliferação dos micro-organismos causadores de doenças, inclusive aqueles capazes de atravessar a placenta e afetar o desenvolvimento do bebê. É por esse motivo que, após a primeira consulta do pré-natal a mulher sai com uma lista enorme de exames para fazer: desde sorologia para HIV, toxoplasmose e rubéola até coleta de urina para detectar infecções no trato urinário”. (2)

Dentre as doenças que podem afetar a mãe e vir a trazer problemas também ao bebê estão: infecção urinária, rubéola, toxoplasmose, hepatite B, AIDS, candidíase, sífilis, catapora, zika, entre outros.

Pesquisando nos meios de informação, nos deparamos com possíveis adversidades que podem ser causadas por problemas de saúde tanto à mãe quanto a criança, que por vezes vem a desenvolver sequelas graves, a rubéola por exemplo pode invadir a placenta infectando o bebê, causando inclusive surdez e deficiências de visão, ou no caso do zika, como tivemos a desagradável oportunidade de presenciar casos recentes no Brasil, em que o vírus, “é capaz de afetar o desenvolvimento neurológico do bebê”. (3)


Felizmente, hoje com as tecnologias desenvolvidas através da ciência a medicina avançou a ponto de que não somente a cura e o tratamento existam para essas situações indesejadas, mas também a prevenção, que se apresenta como ponto de absoluta importância com o pré-natal. O acompanhamento médico, indispensável durante o tempo em que a mãe segura o filho em seu ventre pode garantir tanto quanto possível, qualidade de vida aos dois seres, unidos em um só, de maneira que ocorra tudo da melhor forma até o momento da “luz”.


Dentro deste contexto, a organização Pan-Americana de Saúde (instituição ligada diretamente a Organização Mundial de Saúde) divulga em seu site a recomendação da OMS dizendo que:


“O novo modelo de atenção pré-natal da OMS aumenta o número de contatos (consultas) que uma mulher grávida deve ter com profissionais de saúde ao longo de sua gravidez de quatro para oito. Evidências recentes indicam que uma maior frequência de contatos na atenção pré-natal de mulheres e adolescentes com o sistema de saúde é associada a uma menor probabilidade de natimortos. Isso acontece devido ao aumento das oportunidades para detectar e gerir possíveis problemas”. (4)


Mesmo percebendo as amplas possibilidades de prevenção para mães e bebês, cabem aqui algumas boas reflexões: Por que os problemas acontecem? Por que muitas vezes a criança nasce já com uma doença grave, uma deformidade desenvolvida logo no útero da mãe? Por que ocorrem abortos espontâneos, independentemente da causa do mesmo, se a criança sequer teve a possibilidade de fazer algo pelo qual mereça castigo? Ou qual o motivo de ocorrerem morte da mãe, ou de mãe e filho no período da gravidez?


São perguntas que realmente inquietam a mente da maioria das pessoas, porém o Espiritismo nos apresenta o seu caráter consolador, explicando as possíveis causas para os acontecimentos da vida, ele nos oferta por meio de serenidade e reflexão dos escritos principalmente de Kardec, possibilidade de interpretação até mesmo de indagações como estas. Desta forma, sabemos que como nos ensina a nossa doutrina, passamos por muitas existências, ora no corpo físico, ora no plano espiritual, a caminho da perfeição, e por vezes, entre idas e vindas entre os planos pelos quais passamos, tomamos atitudes equivocadas, causando infortúnios a irmãos que estão igualmente a nós em processo de evolução, infringindo o princípio ensinado por Jesus: “Amai uns aos outros, assim como eu vos amei”, deste modo, naturalmente precisamos quitar débitos com as leis divinas, vivenciando situações que nos façam aprender com a dor a sermos melhores e mais aptos ao “reino dos céus”, como diz nosso querido Cristo. Assim a questão 335 de O Livro dos Espíritos interpela:


“O Espírito tem o direito de escolher o corpo no qual deve encarnar ou somente o gênero de vida que deve servir-lhe como prova? Resposta: Pode também escolher o corpo, pois as imperfeiçoes desse corpo serão provas que o ajudaram a evoluir, se vencer os obstáculos que encontra; mas a escolha não depende sempre dele, que poderá pedi-la”. (5)

Esta questão nos permite interpretar, porém, que todo e qualquer problema, seja ele do corpo da mãe, do filho, até mesmo de ambos durante a gestação deve ser fruto de escolha ou consequência de atitudes dos envolvidos, ou vontade de Deus, que por bem ache necessária tal prova, justa para com seus princípios divinos, de modo a colaborar com o crescimento dos indivíduos inseridos no contexto.


Contudo, problemas da ordem de saúde, ainda mais quando se trata de uma vida que está recém chegando para junto de nós por meio do ventre materno, é sempre algo que causa devido sofrimento a familiares e pessoas queridas, assim indagando na questão 920 de O Livro dos Espíritos, se o homem está destinado a felicidade plena na terra, tem a resposta de que, “não, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Mas depende dele abrandar seus males e de ser tão feliz quanto de pode ser sobre a Terra”. (6) Então devemos, assim encarar situações semelhantes, com fé e resiliência para aprendermos com todos os obstáculos que nos aparecem, pois são eles as ferramentas para alavancar nossa evolução, para chegarmos a melhores condições e méritos para gozar de felicidades junto de Deus.


REFERÊNCIAS


1 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.





5 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.


6 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.

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